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DESCOMPLICANDO A RECICLAGEM


Quando se fala em reciclar o lixo, logo vem à cabeça aquela fileira de lixeiras coloridas. Tem verde, vermelha, a azul e amarela, e ninguém sabe ao certo em qual colocar o quê. Em qual delas vai papel usado?
 
Esse sistema está sendo fortemente questionado. A novidade é que em boa parte dos países avançados a separação se faz em apenas dois tipos de lixo: o que é reciclável e o que não é; o lixo seco e o lixo molhado.

Não faz mais sentido separar os resíduos por tipo de material. Isto é, ter uma lixeira para o plástico, outra para o papel, mais uma para o vidro, outra mais para as latinhas de alumínio, sem falar no recipiente para colocar os restos de comida.

"A separação por materiais é uma bobagem. Não sei quem inventou essa história de cor pra lá, cor pra cá", avisa Maurício Waldman, autor do livro Lixo: cenários e desafios. Um grande número de embalagens, como a TetraPak, é um conglomerado de vários materiais: plástico, cartolina, alumínio. Para onde vai isso? E será que vale a pena lavar garrafas e recipientes de suco de frutas quando se sabe que é preciso pelo menos dois copos de água tratada para se limpar um copo sujo? Ou economizar água também não é procedimento ecológico?

Para Waldman, o correto seria juntar tudo que é reciclável num mesmo balaio. A separação deve ser processada nos centros de triagem, onde haverá mais conhecimento e recursos para separar os resíduos. Só em papéis e papelões, a triagem deve prever 14 tipos diferentes. Não há dúvidas de que a simplificação do processo incentivaria mais gente a separar o lixo.
 
Mas, para que a coisa avance, parece indispensável acabar com a excessiva separação doméstica e adotar o mais rapidamente possível a divisão em apenas dois tipos de lixo.

Não dá para falar em reciclagem de lixo sem mencionar o trabalho dos catadores. Apesar de muitas vezes só serem notados quando "atrapalham" o trânsito com seus carrinhos, eles desempenham papel importante nesse processo.

Hoje há mais de 800 mil pessoas exercendo essa atividade no Brasil. Estima-se que cada um deles recolha por dia 500 quilos de materiais. De acordo com Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe, entre 60% e 70% do lixo no País só é reciclado graças ao trabalho realizado pelos catadores.
 
Fonte: O Estado de S.Paulo




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